Basta uma hora diante da televisão ou em um shopping para perceber que a valorização do corpo faz parte da visão de mundo atual. Academias, tratamentos, cosméticos — tudo isso reflete uma lógica cultural tão difundida quanto ilusória.Embora tenha raízes históricas, o culto ao corpo constitui hoje uma distorção, cujos efeitos têm sido bastante negativos para a maior parte das pessoas.
Um olhar para a história nos mostra que as mais diversas sociedades e épocas tiveram seus padrões de beleza associados a formas físicas. Sobretudo nos períodos em que o homem se colocou como centro do universo, o corpo teve papel cultural de destaque. O Renascimento, em especial, representa esse conceito, que sempre esteve baseado na relação orgânica entre aparência e essência. Assim, a beleza externa seria a expressão desejável de uma essência completa.
É justamente essa relação que parece ter sido perdida pelo homem contemporâneo, que se baseia na falsa premissa de que corpo e alma constituem dimensões distintas. Sem dúvida, as pessoas passam a se preocupar com uma aparência dita perfeita, que não reflete seu modo de ser. Para os modelos da publicidade, essa beleza padronizada parece bastar; para uma pessoa real, ela nunca será suficiente.
Em virtude dessa ilusão, criam-se efeitos perversos para dois grupos de pessoas. O menor deles, com acesso a essa indústria da beleza, compromete a saúde do corpo e nuca estará em harmonia consigo mesmo. O segundo, formado pela maior parte da sociedade, encontra-se excluído dessa lógica, não porque queira, mas porque não tem poder aquisitivo para nela se integrar por completo.
Destacada em amarelo na introdução está a tese, construída em três etapas, separadas pelas vírgulas. A primeira etapa (em vermelho) será comprovada no primeiro parágrafo de desenvolvimento; a segunda (em azul), no segundo parágrafo de desenvolvimento; e a terceira (em verde), no último parágrafo argumentativo. Essa é a macroestrutura do desenvolvimento, facilmente entendida quando se faz uma boa tese explícita por etapas. A lógica é a mesma nos outros tipos de tese, embora a relação fique menos evidente.
Compreendida a estrutura mais ampla do desenvolvimento, deve-se trabalhar com a estrutura interna dos parágrafos argumentativos. Se um argumento pode ser definido pela apresentação de um ponto de vista seguido de uma tentativa de comprovação, essa lógica será, obviamente, transportada para esses parágrafos. Assim, o ideal é que o aluno inicie seu parágrafo por uma frase em que ele expressa uma opinião – o chamado tópico frasal – e utilize o restante das linhas apenas para comprovar esse período inicial. Evidentemente, esse tópico frasal deve ser a expressão clara e completa de uma das etapas da tese, como fica claro na redação copiada acima.
- 1ª etapa da tese: “Embora tenha raízes históricas, (...)”
- 1º tópico frasal: “Um olhar para a história nos mostra que as mais diversas sociedades e épocas tiveram seus padrões de beleza associados a formas físicas.”
- 2ª etapa da tese: “(...) o culto ao corpo constitui hoje uma distorção, (...)”
- 2º tópico frasal: “É justamente essa relação que parece ter sido perdida pelo homem contemporâneo, que se baseia na falsa premissa de que corpo e alma constituem dimensões distintas.”
- 3ª etapa da tese: “(...) cujos efeitos têm sido bastante negativos para a maior parte das pessoas.”
- 3º tópico frasal: “Em virtude dessa ilusão, criam-se efeitos perversos para dois grupos de pessoas.”
É claro que a ordem “tópico frasal + comprovação” pode ser invertida, de modo que o aluno crie uma espécie de linha de raciocínio que termine na sua opinião. Em termos de eficácia argumentativa, não há ganhos ou perdas por conta do ordenamento. Entretanto, sobretudo para alunos que têm um pouco mais de dificuldade de compreender a estrutura e a organização do texto, é recomendável iniciar o parágrafo com o tópico frasal e apenas comprová-lo nas linhas restantes.
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