Estruturas da dissertação III: Desenvolvimento
1) Definições gerais:
* Parágrafo: unidade de texto em que se desenvolve uma idéia central, articulada ao todo.
* Argumentação: sustentação racional de uma opinião.
* Desenvolvimento: demonstração por etapas da tese, ou seja, a parte da dissertação em que se realizará a argumentação.
2) Estrutura
* Geral: preferencialmente, três parágrafos, com cinco ou seis linhas cada.
* Interna dos parágrafos: tópico frasal + comprovação
a) Tópico frasal: declaração “inicial” – afirmativa ou negativa – em que se apresenta um juízo de valor acerca de um assunto, ou seja, é a frase em que se expressa a opinião a ser provada em relação ao tema.
b) Fundamentação: conjunto de duas ou três frases que comprovam o tópico frasal, por meio da apresentação de evidências ou premissas.
OBS: ordenamento do argumento
→→→ PORQUE →→→
Argumento = opinião + fundamentação
←←← PORTANTO ←←←
Exemplos:
Escrever bem é importante (opinião), porque a escrita é uma forma de expressar o pensamento (fundamentação)
O mercado de trabalho valoriza profissionais que consigam se expressar com eficiência (fundamentação), portanto escrever bem é importante (opinião).
3) Técnicas de argumentação
3.1) Aspectos elementares
a) Dúvida originária
* Tema polêmico: é aquele em que existem, pelo menos, dois pontos de vista diferentes.
* Tarefa inicial: analisar posicionamentos contrários para buscar um ponto de vista mais maduro e possibilitar técnica de contra-argumentação.
b) Objetivo e motivação
* Objetivo: Convencer X de Y
* Motivação: Saciar desejo, base subjetiva
c) Razão e lógica
* Buscar sensatez, racionalidade
* Não utilizar fundamentações ligadas à fé
* Evitar radicalismo
* Raciocínios: indutivo / dedutivo / dialético
3.2) Fundamentação
* Base Factual: apresentação de evidências (exemplos, estatísticas, percepções da realidade).
Fonte: conhecimento e textos de apoio.
Critérios de validade:
- Pertinência: relação direta com o tema
- Relevância: reconhecimento geral
- Suficiência: quantidade significativa
* Base Ideal: criação de uma linha de raciocínio pelo uso de premissas (conceitos, leis, axiomas, regras, “verdades universais”).
Critérios de validade:
- Relação de causa x conseqüência
- Profundidade
Apresentação de evidências (indução) ou premissas (dedução).
No primeiro caso, trata-se de “parcelas da realidade” – casos, fatos, dados, estatísticas, percepções do cotidiano – que, articuladas de modo suficiente, pertinente e relevante, permitem uma generalização. O uso de exemplos, portanto, é tipicamente indutivo, já que casos particulares permitem a criação de uma regra.
No caso da dedução, cria-se uma linha de raciocínio baseada em “premissas”, ou seja, “verdades”, conceitos pouco questionáveis, axiomas, regras etc. Assim, comprova-se um ponto de vista estabelecendo relações ideais, e não factuais, como no caso da indução.
A apostila tem dois bons exemplos, mas apresento mais um para auxiliar:
Tema: a educação como meio de combater a criminalidade
Indução: Nesse sentido, a educação pode constituir um meio eficaz de combate à violência.Em pesquisa recente da Unesco, identificou-se que o percentual do PIB investido por um país em educação é inversamente proporcional às suas taxas de criminalidade, comprovando uma sensação comum a estudiosos. Há exceções, sem dúvida, mas sua baixa incidência ajuda a confirmar a regra.
Reparem que, para comprovar a frase inicial – o tópico frasal –, o parágrafo apresenta uma estatística, ou seja, uma evidência que quantifica diversos casos particulares. Trata-se, portanto, de uma comprovação por indução.
Dedução: Nesse sentido, a educação pode constituir um meio eficaz de combate à violência.Isso porque, em sua origem, muitos crimes são explicados por fatores morais, mais do que por pressões sociais. Sem dúvida, o que leva alguém a infringir uma lei, em última instância, são seus valores. A esse respeito, o sistema educacional pode oferecer alternativas, na medida em que exerce papel decisivo na formação do caráter individual.
Embora apresente o mesmo tópico frasal, o parágrafo acima cria uma linha de raciocínio baseada em premissas, como na estrutura de um silogismo. O mais elementar dos exemplos sempre ajuda na compreensão.
Todo homem é mortal (premissa maior)
Sócrates é homem (premissa menor)
Logo, Sócrates é mortal (conclusão)
Nesse caso, premissa maior e premissa menor, articuladas, comprovam a opinião pretendida, que acaba sendo a conclusão do raciocínio. Embora tenha um formato aparentemente mais complexo, o parágrafo dedutivo apresentado segue a mesma estrutura:
Muitos crimes são causados por fragilidades morais (premissa maior)
A educação fortalece os valores morais (premissa menor)
A educação é eficaz no combate à criminalidade (conclusão)
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